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Foto: Fabiano Marques (Diário) /
Desde o último sábado, uma antiga reivindicação das empresas de transporte coletivo virou realidade: os ônibus começaram a circular sem a presença do cobrador em Santa Maria - o que já é uma tendência em outras cidades do Brasil e ao redor do mundo. A medida foi autorizada por meio de decreto assinado pelo prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) na última sexta, em que determina que 50% da frota possa circular apenas com o motorista.
Com isso, além de dirigir, o profissional fica responsável por cobrar a passagem do usuário e liberar a catraca. O medo tanto de motoristas quanto de passageiros é que o maior número de funções faça com que as linhas atrasem, já que o ônibus precisa ficar parado enquanto o pagamento é realizado.
- É muita coisa. É o GPS, o validador, dar troco, cuidar das portas. É bastante coisa. Se não mudar os horários e não aumentar o tempo de percurso, não tem condições - relata um motorista que preferiu não se identificar.
No domingo, a reportagem do Diário percorreu parte da linha Santos, já sem a presença do cobrador. Os quatro passageiros que ingressaram no ônibus utilizaram o cartão para realizar o pagamento, com o motorista apenas liberando a catraca. A baixa utilização do dinheiro é uma das justificativas da prefeitura para diminuir o número de cobradores. Segundo o decreto municipal, dois terços dos passageiros utilizam os cartões para realizar o pagamento.
Dentro dos coletivos, a preocupação é a mesma dos motoristas: o possível atraso nas linhas, já consideradas, por alguns usuários, insuficientes.
- Esse foi o primeiro ônibus que peguei sem cobrador. Acho que vai mudar os horários, porque como ele vai precisar ficar parado para dar o troco, vai atrasar 15 ou 20 minutos no final - analisa a administradora Rosimeri Salvian, 27 anos.
A dona de casa Lenir Santos da Silva, 67, faz outra constatação sobre o corte:
- Quando a gente queria saber de alguma coisa, algum caminho, eles sempre sabiam. Agora, não tem mais.
Sobre o temor de passageiros e motoristas, o diretor administrativo da Expresso Medianeira, Victorino Saccol, relata que o final de semana não registrou problemas nas linhas de ônibus e frisa que o decreto assinado pela prefeitura estimula o fim da utilização do dinheiro vivo para o pagamento da passagem, com a colocação de cartões de diferentes valores à venda nos próprios coletivos.
Segundo a prefeitura, o fim da presença dos cobradores será gradativa. Primeiro, ocorrerá aos finais de semana, feriados e de segunda a sexta-feira depois das 20h.
O diretor da Associação de Transportadores Urbanos, Edmilson Gabardo, relata que, apesar da redução nos ônibus, cobradores não serão demitidos. Alguns terão os contratos suspendidos, com embasamento na Medida Provisória do governo federal que permite a prática durante a pandemia.